24 de março de 2010

ARTE PRECISA-SE

Demasiada simplicidade e ínfimo conteúdo em obras expostas na cidade de Bragança por dois artistas distintos


No Centro Cultural Municipal estão patentes duas “insinuações artísticas” até ao final do mês de Abril. A primeira, na Sala 1, é um trabalho denominado “Calejo”, de Luís Filipe Folgado. Trata-se de uma dúzia de fotografias, sensivelmente, a preto e branco, cujos principais protagonistas são números de portas. Leu bem, números de portas: 2-A, 30, 32, 10 e vários outros. O seu autor, ainda foi por uma frase bastante conhecida do conceituado fotógrafo húngaro André Kertész, “O que sinto, é o que faço. Isso para mim é o mais importante. Todos podem ver, mas nem sempre vêem.”, numa tentativa de associar-se ao conceito deste artista. Ou, então, desculpar a simplicidade do seu trabalho, demasiado simples, para tirarmos uma ilação ou, simplesmente, ser contemplado. Luís Filipe Folgado até pode ser um artista, mas não o seria apenas com trabalhos desta natureza.
A segunda “tentativa”, na Sala 2, é uma exposição de 38 “desenhos” intitulada “Ao redor de Pedras Rolantes do mar”, da autoria de José Pacheco aka Sileno JP. São rabiscos que não terão demorado mais de 1 minuto a ser concebidos. Desenhos tão paleolíticos, à excepção de dois ou três, que uma criança de 4 anos, provavelmente, faria melhor. No meio de tanto “traço”, encontramos cerca de 10 pedras colhidas nas praias portuguesas. Ora, quem se lembraria de chamar a isso arte? Rochas e pedras há-as em todo o lado, qualquer um pode apanhá-las, mas o acto em si não faz de ninguém um artista. Fica a homenagem aos “que ousavam enfrentar o mar para pescar”. Nada mais!
Com tantos valores transmontanos, há que sublimar espaço e protagonismo a obras mais inspiradas. Se a Câmara Municipal de Bragança quer dar o exemplo, então, deve fazê-lo pro bono, na tentativa de evitar que potenciais apreciadores, crianças, inclusive, fiquem a pensar: “Isto é o quê? Arte? Para a próxima fico em casa a jogar PlayStation!” Perdendo, assim, o gosto e o interesse irreflectido pelo fascinante mundo artístico.


LOTAÇÃO ESGOTADA

Makongo, Xutos e Pontapés e Blasted Mechanism são alguns dos nomes anunciados para a Semana Académica 2010


Os estudantes acorreram, de forma massiva, à Semana das Tasquinhas, que a Associação Académica do IPB (AAIPB) organizou no Campus do Instituto, de 9 a 11 de Março. A novidade surgiu, logo, na primeira noite, terça-feira, quando foi anunciado o cartaz da Semana Académica deste ano, que terá lugar de 4 a 10 de Maio. Assim, entre os vários artistas, destacam-se, no dia 4, as Tunas, dia 5, Doismileoito e Diego Miranda, dia 6, Blasted Mechanism, dia 7, Makongo e Calígula (ex-Flow 212), dia 8, Xutos & Pontapés, dia 9, Olive Tree Dance, e, para terminar, no dia 10, Quim Barreiros.
Recorde-se que, em 2009, com os lucros obtidos na Semana das Tasquinhas, a AAIPB conseguiu abater a dívida resultante da Semana do Caloiro. Este ano, como não houve prejuízo com a recepção ao caloiro, pelo contrário, o elevado montante de receitas angariado na Semana das Tasquinhas servirá, em parte, para financiar o cartaz “reforçado” da Semana Académica de 2010. O lucro deve-se, não só às bandas de baixo custo que actuaram no programa da Semana das Tasquinhas, como também à enorme adesão de estudantes que lotaram o Pavilhão da Agrária durante os três dias.


“Ainda correu melhor do que as nossas previsões mais optimistas, particularmente, no que diz respeito à enorme adesão por parte das pessoas”, garantiu o presidente da AAIPB, Bruno Miranda.
No primeiro dia, entraram em cena a Real Tuna Universitária de Bragança e a TônaTuna, a Tuna Feminina Universitária de Bragança. No segundo dia, as atenções viraram-se para os covers interpretados pelos Five Lucky Fingers, uma banda oriunda de Macedo de Cavaleiros. No terceiro e último dia, as festividades terminaram com uma pequena demonstração de fogo de artifício, e a actuação da Banda Filarmónica do IPB, que tocou no intervalo do concerto da banda Nível 6.
Tanta animação ecoou em várias pontos da cidade de Bragança. “O barulho era tanto que quase não dormi. Isto, durante a semana e o pior, era no dia seguinte, que trabalhava às 9 horas”, refere um morador da Avenida Sá Carneiro. Uma situação que Bruno Miranda desvalorizou. “Eu sei que o barulho pode ser um pouco incomodativo, mas são apenas três dias, enquanto que os estudantes contribuem para a cidade ao longo de todo o ano”. Segundo o responsável, não há registo de qualquer queixa, até porque a AAIPB tinha licença até às 6 horas.



TROMPETE EM LIVE-ACT

Numa mistura pouco comum, o trompete abraça a house music numa parceria de sucesso


Pedro Gaspar aka Peter Trump provou, no Bar Lagoa Azul, que o trompete é um instrumento do século XXI, misturando o seu som, de forma assertiva, com música electrónica e suas batidas.
“O meu estilo de música passa por uma fusão entre o house, mais o house comercial e o trompete, que é o meu instrumento de eleição”, referiu o jovem músico, na sua terceira actuação em Bragança. “É um prazer regressar a esta cidade. Já não é a primeira vez que venho, e continuarei a vir pelo agrado e simpatia, quer do staff do Lagoa Azul, quer do público que me recebe sempre de braços abertos”, assegurou o trompetista.
Nascido na Póvoa do Varzim, este artista, cujo objectivo maior passa pela televisão, iniciou a sua carreira há pouco mais de um ano, mas já tem uma agenda completamente preenchida, tendo ido à Suiça por duas vezes, aos Açores, e percorrido Portugal de Norte a Sul. “Eu só faço este género de espectáculos há 1 ano e não tenho parado. As pessoas e as casas têm aderido muito bem, também porque é novidade. Ainda sou o único a fazer este tipo de performance, em que misturo o trompete com house”, declarou Peter Trump.


Habituados que estamos a ver violinistas e outros músicos a misturem as suas sonoridades com ritmos e batidas, esta é a primeira vez, que surge alguém a tocar trompete e a misturá-lo com a música de dança. “Actualmente, sou o único trompetista em live-act”, garantiu Pedro Gaspar, salientando, ainda, que “não é o instrumento agressivo que as pessoas imaginam, mas antes um instrumento melódico que combina muito bem com outras musicalidades, neste caso, com a música house”.
O único senão numa noite que se adivinhava perfeita, foi mesmo a falta de adesão por parte do público. Uma não comparência que se deveu, em grande parte, à Semana das Tasquinhas, que decorreu, em simultâneo, no Instituto Politécnico de Bragança. Não obstante, ou poucos que marcaram presença fizeram a festa e para ela contribuiu, decisivamente, o músico poveiro.

NATUREZA ADRENALIZANTE

Um passeio turístico de jipes pela natureza, mais uma pista de trial, fizeram deste evento um marco a repetir


O II Passeio Turístico TT, organizado pela Agimo, Associação de Gimonde, em estreita colaboração com a InfoTrilhos, no sábado-passado, foi considerado por todos como “um evento a repetir”. Com 84 inscrições, que se reflectiram em 28 jipes e algumas moto-quatros, ao todo, este evento movimentou 35 viaturas.
“Foi um pouco melhor do que aquilo que esperávamos. O dia, em si, também nos ajudou. Pensamos que tenha sido um bom evento para os amantes do turismo e da natureza e também de alguma adrenalina”, afirmou o presidente da Agimo, João Alves.
A partida de Gimonde estava prevista para as 9 horas, mas só aconteceu por volta das 10 horas. A primeira etapa no percurso foi Milhão, onde os participantes se puderam deliciar com o tão popular “mata-bicho”. Seguiu-se Rio Frio, e uma paragem obrigatória da comitiva para almoçar. Durante a tarde, procedeu-se ao regresso a Gimonde, onde a caravana chegou já passava das 16 horas, sendo que, ainda houve dois jipes que tiveram de ser rebocados, devido a avarias mecânicas. No ponto de partida e chegada, era muito o público que os aguardava, ansiosos por verem o trial numa pista concebida para o efeito.


Quanto ao muito público presente, que aguardava pelo terminar do passeio para assim se poder dar início ao trial, o responsável considera, “de facto, estamos surpreendidos com a quantidade de pessoas que vieram a Gimonde, propositadamente, assistir ao regresso dos jipes e, sobretudo, às acrobacias do trial”.
Nesta pista, os amantes da adrenalina puderam contemplar os bem-aventurados nos seus 4X4, que, apesar de equipados para o efeito, sofreram alguns abalos. Não obstante, os temerários predispuseram-se a enfrentar os vários obstáculos. Alguns, de dificuldade bastante acentuada, tanta,que poucos se atreveram a ultrapassá-los. Um jipe ainda tombou de lado, mas a assistência deu uma mãozinha, literalmente, e depressa regressou à posição inicial. Fica a promessa de João Alves, para o próximo ano, de fazer mais e melhor.

Touças habituou o público a grandes espectáculos e, hoje, o seu 4X4 quase que já não conhece obstáculos 


MÚSICA ORIUNDA DAS MEMÓRIAS

Dos tempos antigos vem música para os nossos ouvidos através do repertório documental da Tuna Popular Lousense


Produzido e editado pelo Centro de Música Tradicional Sons da Terra, a Tuna Popular Lousense vê, agora, o fruto da sua obra alcançar as bancas, para delícia de adeptos e ouvintes da música popular portuguesa.
Esta Tuna, a única existente em terras de Torre de Moncorvo, é, actualmente, integrada por sete elementos: Armando Cesário Moutinho (bandolim baixo), José Joaquim Pestana (viola portuguesa), Modesto Augusto Moutinho (violino), Orlando Espírito Santo Félix (bandolim requinta), Reinaldo Reto Queijo (ferrinhos), Samuel Santos Barbosa de Sousa (bandola), Serafim Sebastião Sousa (viola portuguesa) e Vasco Espírito Santo (guitarra portuguesa).
Constituída por amigos de longa data, provenientes da freguesia da Lousa, a Tuna Popular gravou este seu primeiro álbum a 30 de Maio de 2009, no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, com o apoio da edilidade moncorvense.
Os seus membros assumem como fundamental para a longa permanência na Tuna, um gosto comum pela música, recordando, sempre, com muita saudade, os “gloriosos tempos” de animação dos bailes populares. Essas ocasiões de fruição lúdica eram intensamente vividas e participadas nas comunidades, sobretudo, rurais, sendo, particularmente apreciadas num tempo em que as diversões escasseavam.
Com 10 músicas na composição do seu repertório, destacam-se alguns temas antigos, pouco conhecidos, considerados de tamanha importância e igual estatuto que outras composições sobejamente conhecidas. São os casos de, Marinheiros, Machucho, Evarista e Rosinha dos Limões. A música número 2, Cancelão, é o verdadeiro ex-libris da Banda Filarmónica da Lousa. “Era o principal número da banda primitiva, era tocado a qualquer hora, sabia-se de cor, pois era uma espécie de hino da banda e os seus executantes adoravam-no”, afiançam os elementos da Tuna Popular Lousense.

Membros que, na sua grande maioria, foram auto-didactas, adquirindo conhecimentos musicais rudimentares nos tempos da mocidade. Mas, como a vida na aldeia não lhes garantia as condições que pretendiam, os caminhos da migração, eventualmente surgiram. Uma vez adquirida a necessária estabilidade económica, regressaram, nos finais dos anos 80, e, aquilo que começou por ser uma brincadeira, numa tentativa de recordar os “velhos-tempos”, cedo se tornaria algo mais que isso. Para ouvir e dançar, recordando outros tempos e lugares, a Tuna Popular Lousense.

FORA DE HORAS

Excesso de velocidade poderá ter estado na origem de mais um acidente que despertou a noite brigantina


No dia 10 de Março, perto da meia-noite, um Opel Astra, de cor preta, vinha na Sá Carneiro, quando, em frente ao Edifício Torralta, decidiu virar à esquerda para a Rua Coronel Francisco Morgado. Ao que tudo indica, a viatura, transportava, pelo menos, dois indivíduos, e terá feito a curva em excesso de velocidade, tendo embatido no passeio, acabando por danificar a parte frontal.
Do acidente, resultou um ferido ligeiro, o passageiro. Enquanto que o condutor, de 20 anos, terá sido autuado por apresentar uma taxa de alcoolémia de 1,12 g/l, uma contra-ordenação muito grave punível com uma coima que poderá ir dos 500 aos 2500 euros e inibição de conduzir entre 2 meses e 2 anos.
Segundo dados da PSP, em 2009, verificaram-se 349 acidentes, dos quais resultaram 127 vítimas. Do total de acidentes, 11 estão relacionados com o álcool, tendo ocorrido 11 detenções e 5 contra-ordenações. De salientar é que, os condutores envolvidos são todos do sexo masculino.



SOBRINHO TEIXEIRA

CONTRARIAR A DESERTIFIÇÃO


FACTOS


Nomeado – João Alberto Sobrinho Teixeira
Tempo (idade) – 48 anos
Origem – Mirandela
Ofício – Professor / Presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB)
Estado Civil – Casado
Data de Nascimento – 21/12/1961
Signo – Sagitário
Maiores Virtudes – Determinação e tolerância
Maiores Defeitos – Obstinação e teimosia

ENTREVISTA

1 @ Quais são as três prioridades mais significativas do IPB, a curto prazo?

R: Manter a actual dimensão da instituição (uma diminuição acentuada da actual dimensão da instituição mergulharia as duas maiores cidades da região numa depressão económica e, a prazo, num esvaziamento cultural); induzir o desenvolvimento socioeconómico da região; e contribuir para a democratização do acesso ao ensino superior e à cultura.

2 @ Na sua opinião, o factor IPB valoriza a região? Em que sentido(s)?

R: Representa a manutenção de organizações com uma missão económica, social e cultural imprescindível. Contribui, decisivamente, para a democratização do país, numa sublimação do que há de mais nobre num estado democrático moderno: a garantia do acesso à cultura para a garantia do exercício à cidadania. É um símbolo de perseverança e inconformismo face ao sentimento de abandono da região, em particular, e do interior, no global.

3 @ O que faz falta a esta região, nomeadamente, à cidade de Bragança?

R: Haver uma genuína vontade política em a desenvolver e o estabelecimento de reais políticas de coesão.

4 @ Como é que classificaria o actual estado de coisas em Portugal, mais concretamente, a nível educativo?

R: Portugal deu passos muito significativos na área da educação que são um exemplo e motivo de orgulho. O prolongamento da escolaridade obrigatória até ao 12ºano, a generalização dos cursos de índole profissional, a criação de condições de igualdade no acesso ao ensino superior, uma percentagem significativa (35%) da juventude portuguesa com menos de vinte anos a frequentar o ensino superior, são o resultado visível do enorme esforço que o país realizou neste sector ao longo das últimas duas décadas.

5 @ O que tem a dizer aos estudantes que tiraram o curso no Politécnico e não conseguem arranjar emprego, por não verem os seus cursos certificados?

R: A empregabilidade dos nossos diplomados foi, desde sempre, uma das preocupações da instituição materializada em diversas acções (criação do gabinete do empreendedorismo, um projecto de internacionalização dos mais ambiciosos a nível nacional, procura de estágios e ofertas de emprego a nível de toda a região Norte,…), mas, sobretudo, na construção de imagem de qualidade do IPB com repercussão no mercado de trabalho. Transcrevo, a este propósito, a citação, no Jornal Sol, de Rafael Mora, managing partner da consultora Heidrick & Struggles, uma das principais recrutadoras nacionais, a propósito da qualidade dos diplomados das nossas instituições de ensino superior: “Além disso, há uma forte concentração no trio Lisboa/Coimbra/Porto que é necessário desmistificar, porque já existem, no resto do país, outros pólos de grande qualidade, como são os casos da Universidade do Minho e do Politécnico de Bragança”.
Desconheço casos de cursos não certificados, uma vez que, segundo a legislação portuguesa em vigor, a única entidade com poder para os validar é a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, que se encontra actualmente a avaliar todos os cursos ministrados em Portugal.

Sobrinho Teixeira no Dia do Instituto, data da sua tomada de posse

6 @ O que considera ser inaceitável num ser humano?

R: Uma série de coisas que serão, provavelmente, também inaceitáveis para a grande maioria das pessoas. No entanto, uma das principais aprendizagens que a vida me tem ensinado, é uma posição de grande tolerância perante a diferença, mesmo quando esta nos transparece intolerável.

7 @ Uma viagem de sonho teria que país desconhecido ou cidade como destino? Porquê?

R: Um país do Médio Oriente como, por exemplo, o Iémen. Um dos custos da globalização é a aniquilação da diversidade cultural. Esta ainda resiste em regiões com forte orgulho e identidade cultural.

8 @ Se pudesse passar uma noite com uma personalidade mundial, seja política, desportiva, artística ou outra, em quem recairia a sua escolha?

R: Xanana Gusmão ou Nelson Mandela. Pela minha grande admiração por aqueles que continuaram a acreditar naquilo que sempre acreditaram, quando já poucos acreditavam.


"BEFORE YOU SLEEPING"

Três anos de insónias provocadas por uma ruptura amorosa originaram uma mostra de arte


O discurso do bispo da diocese de Bragança-Miranda, D. António Moreira Montes, serviu de entrada à exposição “before you sleeping”, da autoria de Octávio Marrão. Este projecto, que estará patente até ao dia 16 de Abril, na Fundação “Os Nossos Livros”, nasceu durante um período de três anos, no qual o artista sofreu de insónias, provocadas por um desgosto amoroso.
“Trata-se de um discurso sobre o enamoramento, pois nos três anos que demorei a fazer este trabalho tive uma série de tormentos amorosos que estão reflectidos neste projecto, o qual podemos caminhar sobre ele.” Aliás, essa é um das particularidades da exposição. “Esta obra é para desfrutar, daí podermos caminhar sobre ela, sobre o sentimento que reflecti durante esse período de adoração”, explica o autor.
Nascido na aldeia de Baçal, concelho de Bragança, e a morar, actualmente, em Madrid, o artista refere que “esta exposição é uma retrospecção sobre o trabalho de uma série de artistas renascentistas, flamengos e italianos, como Piero de la Francesca e Lucas Carnach.”
Apesar de ter realizado outras exposições em países como Espanha, Itália ou Bélgica, esta é a primeira vez que mostra um projecto seu na cidade de Bragança, criado e desenhado, propositadamente, para o espaço de Fundação. “Tinha uma grande vontade em fazer esta exposição, por nunca ter feito nada semelhante na minha terra. Assim, é um prazer poder mostrá-la neste espaço, que é magnífico e muito agradável”, declara Octávio Marrão.
Quanto ao facto de ser, simultaneamente, arquitecto e artista, o autor testemunha, “sou mais arquitecto que artista, mas é complicado ser ambos. Apesar de termos uma visão do espaço e da composição muito particular. Os artistas não gostam muito que os arquitectos façam artes plásticas, não sei porquê”.
Octávio Marrão elogia, ainda, o facto de, nos últimos anos, o Nordeste Transmontano ter vindo a contribuir para a promoção de mais eventos culturais, o que dará, certamente, “um impulso aos artistas da região para produzirem cada vez mais e melhor”, conclui.

“… o retrato renascentista como fonte de inspiração das relações sociais contemporâneas"

"SAUDAÇÕES TUNANTES"

O Festival de Tunas Femininas de Bragança envolveu toda a cidade sob a sua capa negra


O V Capote, organizado a 13 de Março, pela TônaTuna, a Tuna Feminina do Instituto Politécnico de Bragança, trouxe à cidade 4 tunas convidadas, mais os Pauliteiros de Miranda que fizeram a abertura do festival. Assim, no Teatro Municipal, o “maravilhoso espectáculo” começou às 21:30, terminando por volta da 1 hora, com a entrega dos 7 prémios. E as consagradas foram: Melhor Tuna, K' Rica Tuna, oriunda de Oliveira de Azeméis; Melhor Solista - Meninas e Senhoras da Beira, originária de Viseu; Melhor Porta-Estandarte, K' Rica Tuna; Melhor Pandeireta, K' Rica Tuna; Melhor Instrumental, Tuna do Instituto Superior de Engenharia do porto (ISEP), vinda do Porto; Tuna + Tuna, Egitúnica, proveniente da Guarda, que ganhou também o prémio da tarde, o célebre “Passe-calles”.
A TônaTuna, apesar de ser a principal responsável pela realização deste evento, não participou no concurso, onde cada tuna convidada dispôs de 20 minutos para “mostrar o que vale”.
Realizado pelo 5º ano consecutivo, o Festival de Tunas Femininas de Bragança contou com o apoio da Câmara Municipal de Bragança (CMB), Teatro Municipal, Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e Junta de Freguesia da Sé (JFS), que cedeu o comboio turístico.


A Real Tuna Universitária de Bragança (RTUB) também prestou o seu contributo às festividades e, para além de tuna convidada, contribuiu com os seus caloiros na orientação das tunas participantes pela cidade.
Mariline Tavares, acordionista da TônaTuna e estudante do 2º ano no Curso de Dietética da Escola Superior de Saúde, foi parte integrante e integradora deste enclave estudantil que “invadiu” e movimentou Bragança por um fim-de-semana. Nascida em Viseu, esta “Menina e Moça” toca acordeão desde os 11 anos de idade, incentivada pelo pai. Mas "com vontade mesmo, toco há 6”, confessa.
“A SuperBock dá-nos uma grande ajuda, ofereceu-nos barris que nós colocámos nos bares, no Cheers, por exemplo. O JP também deu uma mãozinha. É para a diversão, basicamente. Mas só depois do festival! Senão...”, sublinha.

k´ Rica Tuna celebrou-se a grande vencedora, arrecadando 3 prémios

18 de março de 2010

ESTUDOS SEM CREDIBILIDADE

Alunos são alvo de dois estudos sobre o bullying (levados a cabo pela UM) sem compreenderem o conceito que encerra o termo inglês

A Universidade do Minho (UM) realizou dois estudos, um entre 2007 e 2009, intitulado de “Relatório do Projecto de Diagnóstico e Intervenção sobre o Bullying nas escolas da Sub-Região de Saúde de Bragança”, e outro, em Junho de 2008, de nome “Descrever o bullying na escola”.
O primeiro, mais abrangente, incidiu sobre 13 agrupamentos de escolas públicas do Ensino Básico, e uma amostra de 3891crianças do 1º ao 6º ano de escolaridade, e depreendeu que, em termos globais, 36,4% dos inquiridos terão sido vítimas de práticas agressivas entre pares, sendo que, o sexo masculino, apresenta valores superiores (39,9%) comparativamente ao feminino (32,9%).
O segundo Estudo, em sete escolas do concelho de Bragança, sobre uma amostra de 387 alunos, do 2º ao 6º ano, concluiu que 27,7% das crianças foram vítimas, pelo menos, uma ou duas vezes, 24,2% foram-no três ou mais vezes; e 27,4% foram vítimas de agressão física. Na conclusão que salta à vista, afirma que “uma em cada 4 crianças já sofre bullying”.
No rescaldo destas investigações, levadas a efeito pela Universidade do Minho, mas através de autores distintos, e na sequência do Projecto de Educação para a Saúde, o Jornal Nordeste dirigiu-se ao Centro de Saúde de Bragança e a algumas escolas da cidade para tentar averiguar até que ponto os alunos compreendem o conceito inserido no termo inglês - “bullying”.
“Quando iniciámos estas acções de sensibilização, em Dezembro de 2008, constatei que, uma grande maioria dos alunos, não sabia o que era o bullying. Quase todos o confundiam com violência escolar. Para eles, uma agressão física ou verbal já era bullying. Depois, durante o debate, é que lhes explicava as diferenças. Mas eles tinham muitas dúvidas, a princípio”, garantiu Isabel Parente, Técnica Superior de Serviço Social no Centro de Saúde de Bragança.
“Se não sabem, confundem. Logo, nunca poderiam ter respondido de forma correcta. Refiro-me, sobretudo, ao 1º e 2º ciclo. No 3º ciclo, os alunos já são adolescentes e têm uma percepção diferente dos mais novos”, refere Isabel parente, que tem percorrido as várias escolas secundárias do concelho, Emídio Garcia, Abade de Baçal e Miguel Torga, bem como os três restantes agrupamentos, Paulo Quintela, Augusto Moreno e o Agrupamento de Izeda.

Da esq. para a drt. Olinda Bragada e Isabel Parente
O bullying motiva a banalização humana, a perda colectiva de valores sociais e do significado da palavra respeito no relacionamento entre colegas

Ora, se os estudos da UM foram realizados antes do início destas acções de sensibilização, e se por esta altura, os alunos nem sabiam o que era o bullying, nem tão pouco conseguiam distingui-lo de violência escolar, logo, os seus resultados não podem ser considerados fiáveis, por os alunos não entenderem os questionários.
Na Escola Secundária Emídio Garcia, o Jornal Nordeste pode assistir a uma formação sobre o bullying, inserida no Projecto de Educação para a Saúde, ministrada por Isabel Parente ao 3º Ciclo, mais concretamente aos alunos do 8ºC, durante uma aula que deveria ter sido de Educação Física, com a professora Fátima Brito e na presença da Coordenadora, para aquela escola, do Projecto de Educação para a Saúde, Olinda Bragada. “É uma mais-valia para os alunos poderem ter alguns conhecimentos mais aprofundados sobre determinados temas no âmbito da saúde”, afirmou, considerando que o bullying é um desses temas controversos que é necessário fazer compreender.
Este tema, que tanto preocupa a comunidade escolar, mesmo sem o querer aparentar, foi sugerido por docentes em reuniões mensais da saúde escolar. “As professoras procuram em nós, profissionais, temas interessantes que possamos debater nas escolas, esclarecendo os alunos. Um dos temas sugeridos pelas professoras foi, precisamente, o bullying. Talvez haja uma preocupação, por parte dos docentes, em relação à violência nas escolas. Quer se trate de bullying ou violência escolar”, referiu Isabel Parente.
É um facto que, hoje em dia, há uma crescente preocupação associada à violência na comunidade escolar, confirmada e fundada por um estudo da UNESCO que lançou o alerta, certificando que, em muitas escolas, o número de alunos vítimas de bullying atinge os 50 por cento. Um dado alarmante que muitas direcções e responsáveis se apressam a negar, numa atitude de competição por melhores estatísticas anuais.
A cidade de Bragança não é excepção e, quando confrontados com a possibilidade do bullying ser uma realidade, as direcções dos vários agrupamentos e escolas secundárias, negam ter qualquer tipo de conhecimento e dados sobre essa matéria, preferindo mencionar “actos pontuais de pequena agressividade”.

As crianças são um alvo fácil e o palco, muitas vezes, é a própria escola, mas também trespassa os muros desta

Num relato confidencial de um jovem aluno de um dos Agrupamentos da cidade de Bragança, ele revela que, “quase metade dos alunos já foi vítima de bullying”, observando, frequentemente, situações e casos de violência, por vezes, envolvendo perseguições que escalam para fora dos próprios muros da escola. “Eu testemunhei um caso, durante vários dias, em que 4 alunos bateram a outro com varas, dentro do recinto escolar. Fui ao conselho directivo, denunciar a situação e eles não fizeram nada”, afirmou. Quando questionado sobre onde acontecem mais situações de bullying, o jovem é peremptório em responder, “atrás da escola, no recreio e, muitas vezes, fora da própria escola”. Noutro exemplo, relatou, “fui à casa de banho e vi um garoto a sangrar do lábio, perguntei-lhe o que se tinha passado e ele disse-me que lhe tinham batido, que não era a primeira vez, mas que tinha medo e, por isso, é que não fazia queixa”.
Segundo este jovem, os agressores agem sempre em grupo, “normalmente, são 4 ou 5, “porque sozinhos não fazem nada”. “As raparigas não se envolvem com tanta frequência, mas também já as vi chegarem-se à beira de alguém e, sem motivo, espetarem-lhe duas lambadas. Até fico parvo só de ver aquilo”, afiançou.

O Bullying – definição do termo

O bullying compreende atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adoptadas por um ou mais indivíduos contra outro (s), causando dor, angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os actos repetidos, entre elementos da mesma comunidade (colegas), e o desequilibro de poder, são as características essenciais que tornam possível a intimidação da vítima. Em princípio, pode parecer uma simples brincadeira mas não deve ser visto desta forma. A agressão moral, verbal e corporal provocam um sofrimento atroz no alvo da “brincadeira”, podendo mesmo sofrer de stress de desordem pós-traumática, auto-mutilação, tornar-se também ele um agressor, entrar em depressão e tentar, mesmo, consumar o suicídio. Como, de resto, aconteceu em Mirandela, recentemente, quando um rapaz de 12 anos se atirou ao rio Tua.

Principais tipos de Bullying

Físico (bater, pontapear, beliscar, ferir, empurrar, agredir); Verbal (apelidos, gozar, insultar); Moral (difamar, caluniar, discriminar, tiranizar); Sexual (abusar, assediar, insinuar, violar sexualmente); Psicológico (intimidar, ameaçar, perseguir, ignorar, aterrorizar, excluir, humilhar); Material (roubar, destruir pertences materiais e pessoais); Virtual (insultar, discriminar, difamar, humilhar, ofender por meio da Internet e telemóveis)



Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV - http://www.apav.pt) – 707 2000 77

Também a Associação Nacional de Professores, criou uma linha telefónica de apoio, dirigida a professores, alunos e famílias, envolvidas ou vítimas das mais diversas formas de “Bullying”, quer como agressores, quer como vítimas. Pois, normalmente os envolvidos nestas situações vivem um drama permanente de medo e em silêncio. Esta linha telefónica de apoio encontra-se, de forma confidencial, preparada para ouvir e dar o apoio necessário. O número telefónico de apoio é o 808 968 888 e, este novo projecto, pretende, sobretudo, promover a educação para a convivência nas escolas, ajudando a prevenir e a combater fenómenos de conflitualidade, indisciplina e violência.

SEM BARREIRAS NEM FRONTEIRAS

Intercâmbio transfronteiriço entre Vimioso e Vitigudino (Espanha) reaproxima alunos ibéricos


Numa iniciativa do Programa Educativo do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro, no âmbito do projecto “Conhecendo-nos”, realizou-se um intercâmbio transfronteiriço entre alunos de nacionalidades ibéricas. Em Fevereiro, 27 crianças portuguesas, da 4ª classe, foram a Espanha. Uma semana depois, a 3 de Março, 27 crianças espanholas, do 5º ano, vieram a Portugal.
Nesse contexto, a comunidade escolar vimiosense visitou o Colégio Manuel Moreno Blanco, em Vitigudino, um município rural, na província de Salamanca, com cerca de 3 mil habitantes. “Fomos muito bem recebidos, naquilo que considero ter sido uma experiência deveras enriquecedora para o Agrupamento de Vimioso. A visita espanhola, é a nossa forma de retribuir”, considera o director do Agrupamento de Escolas do Concelho de Vimioso, Serafim João.
A subdirectora (Jefa Estudios) do colégio espanhol, Pilar Calles Garzón, em que responsável por 240 alunos dos 3 aos 12 anos, referiu que, “embora sejamos duas comunidades vizinhas, não nos conhecíamos. Este intercâmbio vem, precisamente, no sentido de mudar essa relação”. A também docente, menciona, ainda, que “esta oportunidade fundamental, a nível educativo, de trocar experiências profissionais, é uma ideia estupenda que iremos aproveitar da melhor forma possível. Não pode ser um feito pontual, há que continuar a fomentá-la. Haja, ou não, recursos.”



Serafim João, partilha da mesma opinião, “esta actividade é para continuar e reforçar, não só com Vitigudino, mas também com outras localidades de Espanha ou, mesmo, França. Pretendemos que as parcerias sejam uma realidade e estes intercâmbios, estas trocas de impressões e opiniões são sempre uma mais-valia para o nosso projecto educativo”
Carmina Pires, professora do 1º ciclo há 32 anos, foi a Espanha em Fevereiro e recebe, agora, os alunos espanhóis. “É um intercâmbio muito positivo, em todos os aspectos, a nível pessoal e cultural. Em Vimioso, temos melhores condições, pois temos um Centro Escolar, relativamente recente, já que, foi inaugurado em 2007. Mas, de resto, somos comunidades bastante parecidas, quase idênticas”, conta esta docente que espera pela aposentação, pedida em Dezembro. “Comecei a leccionar em Vimioso e espero acabar aqui”, termina.
A trabalhar no AECT Duero-Douro, como técnica de educação e juventude, está Cláudia Monteiro. Esta jovem, que começou a trabalhar com o Agrupamento em Setembro, afirma que “o intercâmbio está a ser muito interessante, pois é já um reencontro entre alunos. Eles já se conhecem e falam uns com os outros com um grande à vontade.”
A nível do Agrupamento, a parte educativa é a que está a ser mais trabalhada “porque é, a partir das crianças, que nós conseguimos quebrar os estereótipos e dar-lhes a conhecer que não há barreiras. Embora haja uma fronteira, é como se não existisse. Nós somos todos vizinhos e vivemos, muitas vezes, de costas voltadas e isso não deve acontecer. Temos de incutir nos pequeninos essas ideias e, com eles, chegamos aos pais”, declara Cláudia Monteiro.
Recorde-se que, o AECT Duero – Douro é formado por 187 municípios da Zona de Castilha e León (Espanha) e Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior Norte (Portugal). Com sede em Trabanca, este agrupamento é financiado pela União Europeia e foi constituído em Março de 2009.

10 de março de 2010

ASSALTO CENTRAL

Assalto a uma perfumaria no centro da cidade de Bragança causa prejuízos superiores a 20 mil euros

Durante a madrugada, a 4 de Março, a perfumaria Bem me Quer, aberta há apenas três meses, foi visitada pelo (s) amigo (s) do alheio. No total, roubaram, em mercadoria odorífica, mais de 20 mil euros. Não se sabe, por enquanto, se foi apenas um ou mais larápios a consumar o furto qualificado.
“A polícia ligou-me às 4 e 30 a informar-me que a loja tinha sido assaltada. Ao chegar ao local, passados 5m, deparei-me, então, com o vidro partido e tudo em estado de sítio”, contou a proprietária do estabelecimento, Cristina Alves.
Na contabilização dos prejuízos, a comerciante declarou que, cerca de 90 por cento do recheio em perfumaria havia sido furtado. No local, foi encontrado um telemóvel que foi levado para a esquadra como prova. “Pela informação que temos, devem ser romenos. Há esse indício porque os nomes gravados na lista telefónica do telemóvel são só de pessoas romenas”, indicou a lesada. No entanto, a PSP poderá pensar tratar-se de uma manobra de despiste, colocada na cena do crime para confundir os investigadores.
Mas, não foi só o telemóvel a ficar para trás. “Um vizinho ouviu o vidro a ser partido e o alarme tocar, mas quando chegou à janela já não viu ninguém. A polícia, entretanto, chegou e eles, tanto fugiram à pressa que, ainda deixaram ficar um saco de perfumes no estacionamento e houve, também umas coisas na montra que não conseguiram levar”, referiu a proprietária.
O vidro foi reposto no próprio dia, quinta-feira, e Cristina Alves abriu o estabelecimento na sexta-feira, pela manhã. Numa tentativa de evitar situações semelhantes, será colocado, na loja, um gradeamento de segurança. “Já que, não podemos dormir descansados, temos de arranjar outra solução”, garantiu. Quanto a coberturas que minimizem os prejuízos, a comerciante dispõe de seguro e irá tentar accioná-lo.
Segundo a PSP, o caso foi entregue ao Ministério Público, pelo que não conseguimos apurar mais dados, nem tão pouco confirmar outros, relativos à investigação.

CADÁVER NO FERVENÇA

O corpo de um homem de 37 anos foi encontrado no rio Fervença três semanas após ter desaparecido

No dia 2 de Março, o corpo de José Jorge Granadeiro Torrão foi resgatado do rio Fervença, na zona da represa das hortas da Coxa, em Bragança, três semanas após o seu desaparecimento.
O alerta foi dado à PSP às 17:35, mas, tendo em conta a comunicação ao delegado de saúde e ao procurador, o levantamento do cadáver realizou-se já era noite.
Desaparecido “oficialmente” desde 8 de Fevereiro, dia em que mãe da vítima decidiu participar às autoridades, o elevado grau de decomposição fará supor que o corpo esteve imerso na água durante vários dias.
A família da vítima, que vive no Bairro Fundo da Veiga, bem próximo da ponte, alega que o homem terá caído ao fazer a travessia e afirma-se revoltada por causa do elevado estado de degradação a que chegou a ponte. “Passava por ali todos os dias para ir trabalhar, de manhã e à noite, e supomos que foi aqui que ele caiu porque há vestígios de uma árvore esgaçada”, contou João Granadeiro, irmão do falecido, à Rádio Brigantia, indicando como certo que ele tenha caído, acidentalmente, ao rio.
Os moradores do bairro são os primeiros a admitir o perigo que a ponte representa e, independentemente, de ser uma infraestrutura sem qualquer tipo de vedação, desactivada há vários anos e onde está assinalada a proibição de passagem, continuam a utilizá-la nas suas passagens diárias como acesso pedonal, evitando, assim, dar uma volta maior para aceder à cidade.
De acordo com a PSP, este é um caso que ainda não está fechado, tendo sido entregue ao Ministério Público, que irá decidir ou não, manter em aberto a investigação. A autópsia já foi realizada, um procedimento obrigatório, sempre que se trate de uma morte violenta. No entanto, os seus resultados não são ainda conhecidos.
A zona onde o corpo foi encontrado, na represa, 150m depois da ponte

Sobre a ponte, onde alegadamente "terá caído" José Torrão

PASSEIO SOBRE RODAS

Mau tempo não conseguiu interferir com o II Passeio de Automóveis Antigos Cidade de Chaves


O II Passeio de Automóveis Antigos não se deixou influenciar pelo mau tempo que se fez sentir no último fim-de-semana de Fevereiro. O frio, a chuva e as rajadas de vento ciclónicas não impediram os 70 participantes de marcarem estatuto a bordo dos 29 clássicos presentes, cumprindo-se, quase na totalidade, o programa previsto. “Foi uma clara demonstração da paixão pela modalidade, estima, consideração e respeito pelo trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”, refere a organização, a cargo da delegação de Chaves do Nordeste Automóvel Clube (NAC).
No sábado, dia 27, deu-se a partida, após visita à colecção de automóveis antigos da família de Ernesto Machado. Com passagem por Boticas, alcançou-se Alturas do Barroso, onde, na Casa do Ferrador, a comitiva se deliciou com um tradicional cozido, que depressa fez esquecer a intempérie.
De regresso a Chaves, descansar foi, para muitos, palavra de ordem, pois havia quem tivesse madrugado e realizado imensos quilómetros para, atempadamente, poder estar na linha de partida. Assim, a pit-stop era necessária e procedeu-se no Hotel Rural Quinta de Samaiões. A unidade hoteleira disponibilizou, depois, uma viatura apropriada ao “transfer” dos participantes para o jantar, já que, a grande maioria optou pela modalidade “se conduzir, não beba”. Deste modo, as preciosidades ficaram aparcadas e, pelas 20h30, jantou-se na “Adega Faustino”.
No restaurante típico, aproveitando a presença de familiares do “saudoso” vila-realense, Carlos Fernandes, “que tão apaixonadamente vivia estes encontros para Automóveis Antigos”, a direcção do NAC expressou a sua gratidão pelo regresso desta família aos passeios de clássicos. De referir que, os familiares, se deslocaram ao passeio num dos carros da sua colecção pessoal, o Ford Cortina GT de 1964, provavelmente, “aquele que mais vezes foi utilizado por Carlos Fernandes neste tipo de eventos”, afirma o NAC.
Na manhã de domingo, a viagem deu-se rumo aos museus Arqueológico e Militar da região flaviense, após uma pequena cerimónia de boas vindas retratada pela autarquia. Só não foi possível a visita às Termas de Chaves, como estava previsto, uma vez que o rio Tâmega galgou o leito e inundou toda a zona ribeirinha da cidade. Depois de um almoço buffet, na Quinta de Samaiões, os participantes regressaram a casa. Terminou, “em beleza, o primeiro evento do ano”, considera a organização.

A família de Carlos Fernandes deslocou-se ao passeio no Ford Cortina GT de 1964