22 de novembro de 2010

SEMANA DE RECEPÇÃO AO CALOIRO 2010 NO IPB


DIA 9 DE NOVEMBRO - 3F


"AMIGOS PARA SEMPRE"

Homenagens a Carla Monteiro, a aluna vítima de atropelamento, marcaram o primeiro dia das festividades

A Semana de Recepção ao Caloiro 2010 do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) começou, pelas 21:30, com a Bênção dos Caloiros na Catedral da cidade. A cerimónia, presidida pelo padre Bento, teve uma lotação quase esgotada e demorou mais de uma hora. Perto do fim, o pároco disse umas palavras dedicadas à aluna falecida, recentemente, vítima de atropelamento, Carla Monteiro. No final, também os seus colegas lhe prestaram homenagem, em acto solene, com um texto escrito e lido pelos próprios.
O Desfile das Tochas, este ano, não se concretizou devido à intempérie sentida durante o dia. As celebrações deslocaram-se para o NERBA, o palco já habitual dos festejos académicos, onde actuaram as cinco tunas previstas. Foram elas, por ordem de entrada: In Vinus Tuna e Tuna Mira (ambas de Mirandela), Grupo de Cantares do IPB, Tôna Tuna e, por último, a Real Tuna Universitária de Bragança (RTUB). A RTUB finalizou a sua actuação com um tributo a Carla Monteiro, dedicando-lhe a música “Amigos para sempre”, enquanto que, nos ecrãs, eram projectadas algumas fotografias da homenageada.



DIA 10 DE NOVEMBRO - 4F


MANIPULAÇÃO SONORA

Um dos maiores rappers nacionais veio a Bragança despido de rimas. Desta feita, com um projecto instrumental

A noite de quarta-feira prometia! E cumpriu… Depois das performances dos três candidatos ao primeiro lugar nas Mostras dos Caloiros, os Orelha Negra encheram o palco com o virtuosismo da energia instrumental.
“Este grupo é a consequência do meu último álbum a rimar em que eu fui buscar esta banda. A brincar, a brincar, começámos a fazer umas jam sessions que se tornaram canções e, depois, pensámos em gravar um disco”, afirmou Sam The Kid. E foi o que aconteceu, em Março passado, com a saída do primeiro álbum para o mercado, intitulado “Orelha Negra”, o nome do grupo.
Quanto à sua receptividade por parte da crítica e do público em geral, o poeta das rimas soltas desvenda que tem sido excelente. “Mas o que é que, hoje em dia, se pode considerar sucesso? Temos estado a tocar bué, as vendas, mesmo em crise, têm sido boas, só temos de ficar contentes. Claro que já não é como era antes! Mas podemos afirmar todos que é um sucesso, para o tipo de projecto que é”, confirmou Sam, um dos manipuladores de samplers (sons) dos Orelha Negra, missão que partilha com o dj Cruzfader, outro dos elementos da banda, e o responsável pelo scratch. Integram, ainda, o projecto: Xico Rebelo, no baixo, João Gomes (Cool Hipnoise), nas teclas, e Fred na bateria.
A título individual, Sam The Kid lançará, brevemente, um novo trabalho, também ele instrumental, com o nome “Sam The Kid Bitch Volume 2”. Um álbum de rimas, só a partir de 2011, revelou ao Jornal Nordeste.



DIA 11 DE NOVEMBRO - 5F


CIDADE DE ALMA (SOUL) UNIVERSITÁRIA

Mapa académico brigantino com um toque internacional pela presença da banda portuguesa distinguida nos MTV European Music Awards

Nu Soul Family trouxeram o soul e a música de dança à cidade de Bragança. Excluindo os Santos e Pecadores, na noite de sábado, este foi, sem dúvida, o nome grande do cartaz da Semana de Recepção ao Caloiro. Não só por integrar, na liderança do projecto, dois colossos da música portuguesa, Virgul, dos Da Weasel, e Dino, dos Expensive Soul, como, também, por ter sido agraciado, recentemente, com o prémio de Best Portuguese Act dos European Music Awards (EMA) 2010 da MTV. Cerimónia que aconteceu a 7 de Novembro, em Madrid, e que concedeu, aos Nu Soul Family, o reconhecimento e projecção internacionais. Curiosamente, a banda da noite anterior, Orelha Negra, também concorria a esse prémio. No entanto, não teve a mesma sorte. E se Virgul já conhecia a sensação de vitória, pois ganhou o EMA em três ocasiões distintas, Dino emocionou-se na sua estreia.
“Da banda toda, eu fui o último a saber. Desliguei os telemóveis, adormeci, e no dia seguinte já tinha bué de pessoal no facebook a dar-me os parabéns. Toda a gente já sabia, menos eu. Logo, vieram-me as lágrimas… O pessoal não imagina o quão fixe é. Este prémio da MTV é o expoente máximo a nível musical. Também é o que levas daqui… O reconhecimento!”, revelou Dino, um dos artistas mais multifacetados do panorama musical português. Para além dos Expensive Soul e dos Nu Soul Family, tem, ainda, um projecto a solo e trabalha, simultaneamente, em todas as frentes. Como o consegue, foi a pergunta que se colocou: “A minha namorada é que sabe, pois ela é que sofre mais do que eu. Eu sou do Algarve, os Expensive são do Porto, os Soul Family em Lisboa. Ando sempre de um lado para o outro”.


O álbum “Utopia” dos Expensive Soul saiu em Abril, e um dos seus temas “O Amor é mágico” tem sido das músicas mais rodadas na rádio. A solo, pensa lançar um DISCO EM 2011 de World Music, algo mais direccionado para os PALOP, mas que irá misturar ritmos de Cabo-Verde, da guitarra portuguesa, batuques, cavaquinhos, “um cheirinho a Brasil”, e que terá o nome de “Pé rachado”. “Uma expressão de Cabo-Verde, por o pessoal andar sempre descalço e até fica com gretas nos pés”, desvenda Dino. Diferente dos formatos a que habituou os seus fãs, no disco participarão artistas como Paulo Flores, um génio musical angolano, e Tito Paris, alguém que dispensa apresentações, e será dirigido a um público “mais adulto”.



DIA 12 DE NOVEMBRO - 6F


TÍPICO ARRAIAL POPULAR TRANSMONTANO

Império, Rosinha e Canário deram tamanho baile ao povo que os casais lotaram a pista de dança

A noite foi de arraial mundano na sexta-feira! Império Show aqueceu o ambiente entre todos aqueles que vinham com intenções de dançar. Com muitas pessoas a entrarem no NERBA, durante o primeiro concerto, foi um autêntico banho de multidão que recebeu a cantora popular seguinte, Rosinha. O nome mais comentado do cartaz na antevisão da Semana de Recepção ao Caloiro. A setubalense confirmou-se como a “sensação pimba”, muito em parte devido aos nomes sugestivos que evoca nas suas letras.
“Ando de gaita na mão desde os meus 10 anos. Quando comecei a aprender… Depois, fiz 17 anos de bailes e, agora, estou com este projecto há cerca de 5 anos. E aqui estou!”, afirmou Rosinha, em declarações que antecederam o concerto. O seu primeiro álbum, “Com a boca no pipo”, chegou a Disco de Platina. O segundo, “O meu Amor só quer é fruta”, foi Disco de Ouro. “O meu terceiro álbum, “Eu levo no pacote”, e é verdade, foi Disco de Ouro, e o meu quarto, “Eu chupo”, que, também, é verdade, é Disco de Ouro”, revelou Rosinha.


Uma carreira superior a duas décadas recheada de sucessos, sobretudo, com o seu último projecto, no qual tem gravado, em média, um álbum por ano. No início de 2011, entrará em estúdio com o intuito de gravar o próximo trabalho, que sairá, certamente, antes do Verão. “Não te sei é dizer o título, mas posso-te garantir que será tão interessante quanto os outros”, ironizou a artista, que, à semelhança de Pedro Abrunhosa, não dispensa os óculos de sol. “Quando sair daqui, vou para o Porto que às 9 horas tenho de apanhar o avião para a Suiça, onde irei actuar”, justificou, em tom de brincadeira.
A encerrar uma das noites mais longas da Semana de Recepção ao Caloiro, pois prolongou-se até ao raiar da manhã, ouviu-se a música popular portuguesa de Georges Canário.


DIA 13 DE NOVEMBRO - SÁBADO


"ENERGIA" NÃO FALTOU!

Santos & Pecadores regressaram a Bragança, após vários anos, com um novo disco de originais

Ao longo de 15 anos, os Santos & Pecadores granjearam o respeito e o reconhecimento que lhes permitiu tornarem-se num dos nomes maiores da cena pop nacional. Em Bragança, o público teve consciência da sua importância e não faltou ao chamamento da banda que conseguiu a maior entrada da semana para o 6º lugar do Top Nacional.
Uma massa humana compacta sucumbiu às emblemáticas baladas da pop portuguesa que integram já o cancioneiro nacional, e que a muitos fazem lacrimejar. Como "Fala-me de Amor" e "Não Voltarei A Ser Fiel". Envolta na figura carismática do vocalista Olavo Bilac, a banda consegue relançar a carreira, após quatro anos de espera, com o lançamento, em Julho, do seu sexto álbum, "Energia".



EM MODO DE PREVENÇÃO

Para além dos concertos, destaca-se o trabalho benemérito levado a cabo pelas “meninas da Prevenção”. As três psicólogas de serviço eram Sandra Valdemar, coordenadora da Prevenção, Helena Sá Pombares e Sílvia Rodrigues. O ano de 2010 celebra uma década de boas práticas que a área da Prevenção do Centro de Respostas Integradas (CRI), antigo Centro de Atendimento aos Toxicodependentes, tenta incutir aos estudantes do IPB. Nomeadamente, na Semana de Recepção ao Caloiro e na Semana Académica. Nos últimos três anos, foi agregada, a esta iniciativa, a componente de Redução de Danos.
“Tentamos prevenir os excessos de consumos! Enquanto que, a Redução de Danos, actua quando já existe o excesso. Os casos mais graves, são encaminhados para a Urgência do Hospital”, informou Sandra Valdemar. Na opinião da psicóloga, as pessoas mostram-se bastante participativas e aderem, sem constrangimentos, a esta iniciativa.
Apesar de possuir uma banca própria, o CRI não fica confinado a esta, distribuindo “material preventivo” como “chamada de atenção”. Preservativos, réguas, pulseiras, pins e outros itens são oferecidos um pouco por todo o recinto, enquanto se sensibilizam os presentes e se avaliam potenciais casos de risco.

"As meninas da Prevenção" / Três das psicólogas do CRI

20 de novembro de 2010

CALOIRAS NUMA CIDADE "ESTRANHA"


Por entre as brumas da tradição de uma tarde de Novembro, as ruas que dão acesso ao Instituto Politécnico de Bragança (IPB) são inundadas por centenas de pessoas. Cafés repletos de fumo, um barulho ensurdecedor, cânticos dos vários cursos ecoam por entre os muros de uma cidade sitiada por novos alunos. É a Semana de Recepção ao Caloiro 2010.

É costume dizer-se que o filho pródigo regressa a casa. Mas, para regressar, tem de partir primeiro e neste último caso, pode muito bem vir parar ao IPB. Quando isso acontece, a dor patente na quebra dos laços familiares de proximidade é evidente. “O que mais me custa é separar-me dos meus pais. Habituada à comidinha caseira, sempre a horas na mesa, roupa lavada, casa arrumada… Agora, sem os meus pais, tenho de me desenrascar sozinha”, confessa Patrícia, cujo olhar de caloira, ainda, a denuncia. “Comprei um despertador e, mesmo assim, não é fácil acordar de manhã cedo”, revela.
Depois de uma “má experiência”, no primeiro apartamento, Patrícia procura, entre folhetos e balcões de café, um porto tranquilo onde possa encontrar aquele sossego típico da casa dos pais. “Está a ser difícil! Estive perto de um mês num apartamento com mais quatro pessoas, mas era uma confusão… Muitas das noites, nem conseguia dormir. Para quem tem de acordar às 8 horas, é complicado. Agora, já fiz uns telefonemas e vou ver se encontro uma casa ou um quarto mais calmo”, desabafa.
Percorro, agora, os corredores solitários do IPB. Passam 10 minutos das 16h. Alguns professores esperam pelos alunos, mas estes parecem não comparecer. As salas estão quase vazias, o silêncio só é abafado pelo ruído que vem de fora, dos motores em rebuliço, das conversas alheias, das chamadas praxes “integradoras”.


Ao cruzar de uma esquina, encontro Liliana, outra caloira, descontraída quanto baste. “Já estou em Bragança há cerca de um mês. A habituação foi relativamente fácil, já tenho imensos amigos e as pessoas aqui são muito simpáticas. Tenho saído muito! Aulas, nem por isso”, confidencia. No que diz respeito à família, exterioriza: “Para mim, foi mesmo o mais difícil! Como sou de longe, passo muitos fins-de-semana aqui em cima, já que a viagem é longa e dispendiosa. Mas falo com os meus pais, praticamente, todos os dias para minorar a saudade e a distância que nos separa”.
Patrícia e Liliana fazem, agora, parte dos cerca de 8 mil estudantes do Politécnico. A primeira evidencia-se receosa quanto ao seu futuro próximo, enquanto que, Liliana demonstra, no seu semblante, mais confiança e outro entusiasmo. Talvez por desfrutar de certas liberdades pré-adquiridas em tenra idade, talvez pela intimidade de já tratar por Tu a cidade. “No Algarve, eu e as minhas amigas saímos constantemente. Os meus pais sempre foram pessoas muito liberais, por isso, esta vida de estudante estranha numa cidade estranha não me assusta. Pelo contrário, estou ansiosa pelos anos que aí hão-de vir”.

Recepção de Boas-Vindas aos caloiros do IPB no auditório ao ar livre

19 de novembro de 2010

MISS ESS & MISTER ESTIG

Ana Ribeiro e Rodrigo Sampaio conquistaram os títulos de Miss e Mister Caloiro IPB 2010

As pré-eliminatórias de acesso aos títulos de Miss e Mister Caloiro tiveram lugar no Moda Café durante várias noites. Mas, foi a 4 de Novembro, que a escolha dos vencedores ficou reservada, somente, a três pares finalistas. A Escola Superior de Saúde (ESS), a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG) e a Escola Superior de Educação (ESE) estavam bem representadas. Mas quem venceu na categoria de Miss Caloira IPB 2010 foi a jovem de 18 anos Ana Ribeiro, da ESS, enquanto que, na categoria de Mister Caloiro IPB 2010 foi Rodrigo Sampaio, da ESTIG. Cada um dos vencedores, ganhou um prémio monetário de 100 euros e uma pulseira de livre acesso à Semana de Recepção ao Caloiro.
“Senti-me muito feliz! Não estava à espera porque éramos todos muito bons. Mas alguém tinha de ganhar e fiquei muito contente por ter sido eu”, revelou a recém-eleita Miss, oriunda de Lousada, estudante de Análises Clínicas e Saúde Pública.
Rodrigo tem 20 anos e frequenta o curso de Engenharias Renováveis. “Estou muito contente! Foi diferente porque não estou habituado a estas coisas, mas gostei de passar por esta experiência e agradou-me muito a sensação”, afirmou. Quanto à cidade que o alberga, o estudante do IPB disse que tinha uma ideia “completamente errada” de Bragança. “Eu sou lá de Felgueiras, uma cidade pequenina, e tinha aquela ideia de Bragança ser fria e longe, uma aldeia pequenina, mas não! É como a Ana diz, é uma cidade muito acolhedora!”.

MOSTRAS AO RUBRO

A equipa de caloiros dos cursos de Animação e Produção Artística, Música, e, Arte e Design sagraram-se vencedores das Mostras 2010

Após uma competição cerrada ao longo de várias semanas no Mercado Clube, onde decorreram as eliminatórias das Mostras dos Caloiros, os holofotes viraram-se para o NERBA. Foi aí, na noite de quarta-feira da Semana de Recepção ao Caloiro, que se disputou a Grande Final. Em causa, estava o prémio de 250 euros reservado ao primeiro lugar. Por falta de caloiros, uma das equipas concorrentes reunia três cursos: Animação e Produção Artística, Música e Arte, e Design. E foi, precisamente, essa equipa a ganhar a competição constituída por três provas: cultural, musical e livre.
O segundo lugar foi conquistado pelo curso de Educação Social, da Escola Superior de Educação (150 euros) e, em terceiro, ficou o curso de Dietética, da Escola Superior de Saúde (100 euros). Contudo, a decisão não foi consensual entre os três elementos do júri: Bruno Miranda, anterior presidente da AAIPB, Miguel Vicente, roadmanager dos Orelha Negra e Nu Soul Family, e Luís Pita, o fundador das Mostras, corria o ano de 1997.
A Escola Superior Agrária estaria, a princípio, incluída no lote, mas, em pesar pelo recente falecimento da sua colega, Carla Monteiro, decidiu não participar. Não só nesta final das Mostras, como, também, noutras iniciativas do género. Um luto dedicado a uma jovem de 24 anos que permanecerá “para sempre” na memória de alunos e da história do IPB.
 


UM ESPÍRITO DE ENTRE AJUDA

Alunos em dificuldade beneficiam de um carisma solidário enraizado no espírito académico do Politécnico

O presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança (AAIPB), Rui Sousa, avançou com medidas concretas no sentido de suprimir algumas das carências efectivas dos seus colegas.
“Tivemos indicações de que existiam alguns estudantes a passar por dificuldades e que, por isso, não iriam à Semana de Recepção ao Caloiro. Porque, simplesmente, não tinham dinheiro para comprar o ingresso. Eu, por exemplo, já tive o prazer de falar com um aluno que, para além do ajudarmos com a matrícula do próximo ano, demos-lhe a pulseira para a Semana de Recepção ao Caloiro”, referiu o responsável. "Este não foi um caso isolado. Temos uma aluna em que os pais trabalhavam numa fábrica e ficaram ambos desempregados. Nós não queremos que esses alunos se sintam desintegrados da Academia. Queremos sim que eles estejam connosco e daí termos oferecido entradas a esses alunos”, continuou Rui Sousa.
Quanto ao incremento no número de pedidos de auxílio à Associação Académica, o dirigente é peremptório em afirmar que tem sido substancial. Apesar de ser uma pobreza tímida. “Os pedidos de ajuda têm aumentado bastante. No entanto, sentimos que há muita gente a esconder-se. Envergonham-se porque não querem mostrar que estão a passar por dificuldades. Pensam que, depois, nós vamos a ficar a pensar que eles são uns coitadinhos e não. Nós queremos é ajudá-los naquilo que pudermos!”, defendeu o responsável.
Em última instância, será a própria AAIPB a pagar as propinas a esses alunos. “Há o caso, por exemplo, do excelente aluno dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Ele fez as cadeiras todas num dos cursos mais difíceis do IPB e viu-se impossibilitado de pagar as propinas no ano passado e de, inclusive, ter dinheiro para as refeições. Conseguimos combater essa situação colocando-o a prestar serviço comunitário na cantina, onde come depois”, informou o dirigente.
“Quanto às propinas, eu já lhe disse que sem estudar ele não vai ficar e estou a tentar encontrar uma solução juntamente com os Serviços de Acção Social. Foi uma garantia que eu lhe dei”, concluiu Rui Sousa.

UMA CARREIRA EM MEDICINA

Poesia servida em banho de êxtase encerrou a devida homenagem ao médico que sonhou, um dia, ser actor

Em jeito de despedida, ex-colegas de Emílio Jorge Maia Gonçalves, médico recentemente reformado, brindaram-no com um jantar convívio entre amigos. No Hotel S. Lázaro, foram cerca de 30 os convidados de honra a  homenagearem o médico aposentado do Centro de Saúde de Bragança. 
“Acho que não mereço nenhuma homenagem, para mim isto é mais um convívio entre colegas. Não deixa de ter um sentido de despedida porque já não exerço activamente a profissão há três anos. Por isso, posso dedicar mais tempo à poesia”, avançou Emílio Gonçalves, no vigor dos seus 70 anos. E assim o fez, no final do jantar, depois da entrega de um ramo de flores, com um recital de poesia. Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, é o seu poeta de eleição. Leu alguns dos seus poemas e outros de amigos, poetas conhecidos. Sophia de Mello Bryner Anderson também integrou a sua selecção. Uma poetisa que ele considera como “uma das grandes”. “Eu gosto muito de poesia. Estudo-a há 50 anos. Todos os dias, eu leio poesia! É uma vitamina! Eu não posso viver sem ler, sem buscar, sem recitar poemas. Todos os dias!”, confessou, quando questionado se a poesia é algo que lhe é recorrente. Procurando defini-la, assevera: “Poesia é a música das palavras”.
Começou por exercer como alferes-médico, ou médico militar, em Moçambique durante cinco anos. Depois, veio para Portugal onde esteve no Hospital de Santa Maria (Lisboa), Hospital S. João (Porto) e em várias clínicas particulares. A vinda para Bragança foi, como o próprio descreve, “um regresso às origens”, já que os seus pais foram fruto da região. Apesar de ter nascido em Campanhã, no Porto, hoje, garante que o seu sentimento de pertença respira em Trás-os-Montes. Para além da sua preferida, a poesia, Emílio Gonçalves cultiva, também, outras essências artísticas como a pintura e a escultura.


Emocionado, ao terminar "tamanha interpretação sentida", revelou num tom confessional: “a minha grande paixão era ser actor de teatro ou, então, decorador”. Sonhos que não alcançou, por imposição parental. “Não cheguei a ser porque dependia economicamente dos meus pais… Os tempos eram outros e tive de me formar em medicina. Não foi errado, mas medicina não era a minha primeira opção”, desvendou.
Reformado com 38 anos e 4 meses no activo, Emílio Gonçalves assegura ter apregoado uma frase que não é sua, algures na sua carreira em clínica geral: “Eu amo os meus doentes!”, justificando: “todo o médico que ama os seus doentes, é um grande homem e é um grande médico!”


SOB FOGO COMUNISTA

O PCP, na voz de Agostinho Lopes, crítica duramente o orçamento do governo socialista para o distrito de Bragança

A 8 de Novembro, o deputado do Partido Comunista Português (PCP), Agostinho Lopes, teceu uma crítica implacável ao Orçamento de Estado (OE) proposto pelo Partido Socialista (PS). Depois de ter estado, com a sua comitiva, na Barragem do Baixo Sabor e na Adega Cooperativa de Torre de Moncorvo, veio ao Centro de Trabalho de Bragança, onde prestou declarações aos jornalistas. Na mesa, colocou-se a divergência sobre aquilo que o PCP classifica como um “péssimo orçamento” para 2011, a crise resultante “do profundo erro das políticas de direita ao longo das últimas três décadas” e um Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) que o PCP considera como miserável.
“O que o Governo PS propõe, com o apoio do PSD, depois de todo o teatro a que assistimos nas últimas semanas, é uma brutal transferência, por intervenção do Estado, dos prejuízos do sector financeiro e imobiliário, decorrente dos negócios bolsistas e especulativos, para as costas dos trabalhadores, reformados e pequenos empresários”, defendeu Agostinho Lopes, criticando ferozmente o OE. “Era possível um orçamento que não fosse tão violentamente injusto, em matéria fiscal e social, e não pusesse em causa os três pilares do Estado Social: a saúde, a educação e a segurança social”, continuou.
De acordo com o deputado, as consequências deste OE para a região de Bragança são: a ausência de investimentos públicos para desenvolver as potencialidades produtivas da região, desemprego e a desertificação. Mas as suas orientações e medidas irão afectar o poder de compra da generalidade dos portugueses, com redução de salários, congelamento de pensões, cortes nos apoios sociais, agravamento da carga fiscal sobre os rendimentos de trabalho e sobre bens de 1ª necessidade e subida da energia, transportes custas judiciais.


Por sua vez, José Brinquete, do PCP, considera que o PIDDAC proposto pelo Governo PS para 2011 no que concerne ao Nordeste Transmontano é “um ultraje” para as suas populações. Segundo o próprio, o distrito de Bragança sofre de quatro doenças sociais extremamente graves: despovoamento, envelhecimento, isolamento e medo. “A proposta apresentada é um autêntico embuste e uma verdadeira afronta”, anunciou Brinquete, por, do bilião e setecentos milhões de euros do PIDDAC2011 a nível nacional, só virem, para o distrito, uns “risíveis” 656 mil euros.